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PENSE COM O NARIZ. INVENTE SUA CURA.

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18/09/2015, Impressões e expressões de dias que passaram e ainda não passaram

Reginaldo Terra, quero passar um grande tempo em sua mansão.Reginaldo Terra, passaria longos tempo em sua mansão cor de rosa.

Assim como costumam dizer que as paredes escutam, descobri que elas falam também. Podem ser cochichos ou gritos do que as pessoas sentem, das mensagens que elas carregam.
As paredes sem cor do quinto andar carregavam a mesma mensagem que os portões fechados carregavam. As paredes captavam as macas e o aprisionamento daquelas pessoas, que entoavam cânticos de amor chorando, querendo ir embora, pra o festejo do andar de baixo, para o festejo de suas vidas.
Enquanto Moacir chorava, enquanto as mulheres choravam, eu me espantava, me indignava, e o que há de gente em mim se afetou e se emocionou no que havia de gente do outro lado do portão trancado, fui assim em busca do abraço que queria. Isso engendrou em mim uma potencia de afeto e para modificação. Na realidade, todos esses dias me trouxeram isso,a partir do momento que vi o quanto iam se colorindo as paredes do hospício, com exceção das paredes das enfermarias, que, alias, tinha apenas uma colorida, no quarto andar, resquícios de luta.
Aquelas enfermarias eram apenas o último aprisionamento que aquelas pessoas que estavam lá enfrentavam, o espaço que ocupava era pura contradição, e, de forma paradoxal, as paredes de lá, muitas vezes, eram as únicas a quem eles e elas falavam, beges, como branco desgastado. Já lá pelos andares de baixo, no hotel e SPA da loucura, as paredes e suas cores, comunicavam muitas coisas, sem esquecer da sua história, por isso, mais ainda, elas libertavam, como as telas dos ateliês. Ali estavam as tintas de uma liberdade espalhada nos cânticos, nos rituais e em outras inúmeras expressões.
Durante esses dias o que senti foram grandes extravasamentos nos lindos detalhes que se formavam como carnaval: o queixo arqueado da risada daquele que tinha uma linda mansão rosa em Niterói; aquele que transmitia pelo olhar todos os bonecos, brinquedos e pelúcias que vivia carregando; a companhia especial daquele que não consigo descrever o porque, mas foi muito importante ali pra mim; a energia da dança as 5 horas da manhã do mestre das embaixadinhas, cantor, compositor, ator e tudo mais que sua liberdade lhe permitia; as cotidianidades da convivência com um grande amor; aquele afetuoso homem, que cuidou de mim esses dias e me escreveu um poema…
Cochichei e acima de tudo escutei cada uma dessas manifestações, assim, pude ser pintora, palhaça, artista, assim, pude ser humana.
Gratidão.
“Porque voce entende o que falo eu hentendo o que voce fala”

Alguns relatos de minha primeira experiência no Ocupa Nise.

11986571_10208215932182920_1864358170625891195_nPimentinha, Paula Barroso, trupeana, palhaça, atriz, cortejante de sorrisos e de minha imaginação,…

Eles cuidam…

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Existe uma série de processos pelos quais se passa para chegar ao grande ápice que é entrar num hospital vestido de palhaço e praticar a famosa palhaçoterapia. Ensaios, aprender a usar a voz, o corpo, ler livros e artigos, assistir filmes etc.

Ao longo de todo esse processo a ansiedade cresce mais e mais. Então quando chega de fato o grande dia você se pega pensando completamente insegura de si “Será que eu, apenas uma estudante, tenho capacidade e competência para levar sorrisos e alegria a tantas crianças enfermas?”

Quando esse grande dia chega, o fim dele torna possível chegar a algumas conclusões. Uma delas é que a resposta é “Não. Não sou capaz.” Elas – as crianças – é que são capazes de me estimular a tal ponto que de repente nós estamos rindo juntas num processo de cura e cuidado mútuo.

O abraço inesperado, a honra de uma dança silenciosa, um entrada silenciosa, pois as crianças dormem, a descoberta de que todos que encontram-se no hospital precisam da palhaçoterapia e não só as crianças, afinal todos estão adoecidos pelo cansaço, pelo estresse, pelos salários atrasados, pelas horas sem dormir ou dias sem dormir decentemente…

E eu, caloura de Medicina na Universidade Federal do Pará fui atingida bem na boca do estômago pela percepção de que o hospital salva vidas, mas não cura ninguém. A equipe médica, os assistentes, cozinheiros, faxineiros dão remédios, mantêm a higiene do local, saram o seu corpo, mas o ambiente hospitalar é tão opressor que muitas vezes você sai de lá com a mente, o coração e a alma ainda mais machucados e maltratados. E de repente eu me percebo em posição de poder cuidar dessas feridas levando o sorriso e sendo cuidada e cativada com os curiosos olhares. E na minha incapacidade técnica de exercer medicina, eu me vejo satisfeita sendo uma cuidatora (ou seria cuidatriz?)

Findar na palhaça Malinha as frustrações que se acumulavam na menina Júlia… A missão que tem dado certo.

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Observador de primeira viagem

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Aqui vai o relato de alguém que viu pela primeira vez a palhaçaria no ambiente hospitalar, então peço desculpa se sair meio confuso.

Pimentinha e Tchutchucona foram as palhaças responsáveis pela entrada de hoje e eu fiquei com a parte do registro das imagens. Já na sala de descanso na preparação e aquecimento os palhaços surgiram naturalmente e seguiram puxando o riso das funcionárias do hospital, que elogiaram muito o trabalho da trupe e foram muito receptivas comigo. Na primeira enfermaria o publico não estava meio desconfiado no começo, ainda era cedo e haviam poucas crianças mas as palhaças conseguiram desenvolver muito bem o riso que acabaram sendo seguidas pelas crianças que queriam continuar na brincadeira. Teve até um menino do segundo quarto, Ezequiel, que tava triste no começo mas que depois, quando elas já estavam no último quarto, ele aparece pra ver as meninas de novo e até pude tirar uma foto dele correndo delas e sorrindo. Já as palhaças conseguiram usar muito bem o ambiente e os itens que tinham por lá, papel higiênico virou corda, pente virou seringa, leito virou avião e banheiro virou cadeia. Teve dança, desfile, cantoria, quedas e até perseguição policial. Não vou esquecer do momento quando a Tchutchucona levou a Pimentinha pra passear na cadeira de rodas e saíram correndo pelo hospital até que ouve-se um barulho e quando chego lá a Pimentinha tava no chão em uma posição muito engraçada e o melhor é que não foi planejado, ela tava tão envolvida com seu palhaço que a queda saiu cômica espontaneamente. Enfim, as cenas não ficaram cansativas e as crianças tiveram muita participação na brincadeira, foi um sucesso e uma descoberta muito grande pra mim que espero estar ao lado delas em breve.

  • Pedro Heinrich, aprendiz de feiticeiro…opa, quero dizer, de palhaço mesmo.

Ocupemos!

O que seria de uma cidade cujos habitantes vivessem entocados em espaços privados por medo da violência em espaços públicos? Na Grécia Antiga, os cidadão tinham o hábito de se reunir na Ágora, que era uma espécie de praça. Lá, mercadorias eram comercializadas e aconteciam as manifestações cívicas e religiosas. Na Ágora também eram realizados os debates políticos, o que os permitiam falar em demo (povo) kracia (governo).  Ora, sem ocupação dos espaços públicos, como é possível hoje se falar em democracia? Será que o povo só governa quando vota em um candidato em dia de eleição? A necessidade de ocuparmos  espaços públicos ficou muito evidente quando os ensaios da Trupe começaram a acontecer em lugares abertos. Foi em uma praça pública que  nos familiarizamos com a realidade de uma jovem que  trabalha com malabares nos semáforos da cidade. Foi em praça pública que tivemos a oportunidade de trocar ideias com um grupo de alunos de Jornalismo sobre a falta de espaços para promoção de cultura em Belém. Também em praça pública atraímos a atenção de profissionais da saúde para a importância da luta antimanicomial. Não é à toa  que nos últimos tempos a palavra de ordem dos movimentos culturais de Belém seja OCUPAÇÂO. É por meio da convivência em espaços públicos que tomamos conhecimento da realidade um do outro.  A rua é um espaço de todos. Ocupemos! 11427197_10203507407166300_7962760934011224732_n Risadinha é palhaça e assessora de encrenca da Trupe da Pro-cura.

A volta da Risadinha

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Depois de um longo e tenebroso inverno, lá estava a Risadinha de volta ao Barros (21/06/2015). Preocupada, é bem verdade. Era inevitável o medo de incomodar pessoas que já estavam em uma situação tão incômoda. Ao subir as escadas em direção à área de internação, percebi que eu me lembrava do caminho e isso me deixou bem mais confortável. Montar minha palhaça na salinha de descanso, lavar as mãos no aquário das enfermeiras e repetir todo o ritual antes da entrada renovou minha coragem e eu só conseguia me sentir muito feliz por estar ali. A confiança nos palhaços Pimentinha e Paladino, sem dúvida, também espantou o medo e… voilà! Antes mesmo de ter os palhaços prontos, o espírito da brincadeira já tinha nos dominado. Enquanto nos maquiávamos, cantávamos e ríamos das músicas “do nosso tempo”: de “Please don’t go” a Wesley Safadão.
Ao entrar nas enfermarias, muita música, muita intriga e… casamento. Vocês acham que a Risadinha ia perder a oportunidade de casar Pimentinha e Paladino? Pois eles não só casaram, como casaram duas vezes. A segunda, sem patifaria!
É… nem tudo transcorreu às mil maravilhas. A maioria dos pacientes era crianças de colo em uma das alas, o que tornava bem difícil a interação. A ideia inicial era cantar, mas as primeiras músicas que tentamos não funcionaram. Até que veio a da galinha pintadinha… (Gente, qual é o mistério dessa galinha?!). Conseguimos perceber um pescoço virando para que um boyzinho pudesse nos olhar. Agora sim, uma permissão para ficarmos mais. Cantamos mais um pouquinho e desejamos que aquelas crianças já estivessem boas no domingo que vem e bem longe do hospital.
Em outra ala, outra surpresa ritmada. Nenhuma música funcionava até que… pasmem… O gordinho gostoso! Que não é Friboi, mas está na moda e, sim, a meninada gosta! Mas gostoso mesmo foi ver a manhã de domingo passar voando depois de tanta brincadeira. Ver o sorriso e ouvir a risada das crianças e de seus pais é sempre o ápice de qualquer entrada. Que venham outras ainda mais gostosas e que os novos invernos sejam livres de longas hibernações para a Risadinha. Evoé!

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Risadinha é palhaça e assessora de encrencas da Trupe da Procura

Polêmica no anual concurso de Miss e Mister Caipira da Escola Dr. Celso Malcher!

FotoCandidatos palhaços indignados com a corrupção na escolha dos jurados e com os votos deles interromperam o concurso, desfilaram seu rebolado ridículo, tentaram roubar o prêmio dos vencedores e saíram deixando a maior confusão no local! Procura-se!”

Hoje (19/06/2015) foi dia de festa junina, palhaço e boi bumbá. Ocupar o espaço público é o que queremos como medida de auto-organização democrática e de saúde pública. Para isso buscamos o que de melhor o povo tem, a cultura popular. Vestidos de cores fortes, os cidadãos dançam e cantam em ritual ancestral de liberdade e cura, guiados pelos curumins, pelas crianças ao estado de fantasia onde tudo o que se imagina é. Assim gestaremos uma nova cidade, onde serão superadas as prisões que encarceram o jovem pobre da periferia antes de ele nascer, do camburão da polícia, o sistema privatizado de transporte público, o sistema cultural isolado no centro histórico. Construiremos juntos a mudanças que queremos enquanto corpo público, uma vez de mãos dadas em ciranda lutando pela educação numa uma ação cultural pela liberdade ninguém deterá os brincantes, nenhum governo que ignora o sistema de educação sobreviverá. Se o centro é deles, a periferia é nossa, há muito tempo a terra firme resiste culturalmente à cidade. O que eles farão quando perceberem que estão cercados?



Selecionado pelo Programa Mais Cultura nas Escolas do Ministério da Cultura como atividade cultural parceira da Escola Dr. Celso Malcher, o NARIS vem trabalhando há pouco mais de seis meses na instituição. São ofertadas oficinas de teatro do oprimido, palhaçaria, iniciação à musicalidade e poesia. A continuidade das oficinas já ofertadas e atividades de técnicas circenses está programada para o segundo semestre de 2015. Mesmo com todos os problemas de uma escola pública, seguiremos armando nosso circo aos poucos.

Preguiço

Texto: Palhaço Preguiço

Lucas

Fotos: Nagib Lucas Passos

Crônica do Corredor

11401267_10206308165038103_6351238152589703894_nEntre leitos, portas e corredores silenciosos de um hospital público, um pequeno território de alegria e trapalhada se expandia. Em um quarto de descanso daquele mesmo hospital, dois palhaços acordavam de um cochilo breve. Eram sapatos, narizes, meia coloridas, um tutu laranja e um cachecol, se desarranjando juntamente a sons de aquecimento e escalas sonoras. Esse preparo precedia uma surpresa de um domingo de manhã.

Do outro lado da porta, uma ala pediátrica. Crianças internadas por dias, pais claramente abatidos. Não parecia que a presença do palhaço era o que ajudaria no que eles precisavam: saúde. Então eles levantaram a bandeira de expansão, apareceram na primeira enfermaria. Nenhuma piada, alguns tropeços e um turbilhão de ideias.
Aqueles palhaços cheios de humanidade, dois corações pulsando, usando o ridículo como especialidade, mostravam que o ambiente do hospital, com todo o jugo de angustia, criava possibilidade de passagem a algo que aquelas pessoas precisavam, mas talvez não tivessem lembrado: o riso.
Então como num mergulho de 50 metros, um salto de imaginação ecoa em som! Aquela sala se torna um parque aquático, uma poça vira piscina, acesso venoso vira raio congelante, uma enfermeira se torna funcionária e uma fábrica de chocolate é o que mantém todas aquelas crianças no quarto. Mudando o foco da dor, mas não esquecendo dela.
A cruzada continuava e como uma epidemia, o corredor transmitia som, luz e ação. O corredor era a passarela da alegria, a expectativa e o riso inevitável já estavam na porta dos quartos antes mesmo de um palhaço entrar. Agora não só as crianças, mas pais e mães, funcionários estavam na ciranda! Por vezes descontando uma frustração amorosa e até criando o roteiro em que o palhaço se tornava um detalhe, porque a contaminação havia acontecido.
E assim foram fotos e filmagens dos palhaços, cenas de TV, salão de beleza com corte, lavagem e penteado, dançinhas, pedido de noivado, casamento de palhaço com madre fazendo a cerimônia e daminha trazendo aliança. A brincadeira não tinha espaço pra acabar, mas na saída pra lua de mel, uma pai chama a filha: “Dá um abraço no palhaço. Bate foto com ele”. “Eu já vou embora amanhã, palhaço. Como vou te ver de novo?”. E chora.
Dois palhaços cheios de humanidade, agora vários corações pulsando com eles. Inclusive o meu.

4Layser Gama é palhaça, atriz de rua e professora.

Por uma sociedade sem manicômios

TRUPE

“Depois de todos esses meses, essa é a primeira vez que venho a um lugar como este de verdade, sem tomar remédio, sem me preocupar, sem me sentir insegura e sorrindo livremente e espontaneamente. Muito obrigada!”. O depoimento é de Rose Pereira, que faz tratamento há dois anos no Centro de Atenção Psicossocial (CAP) da Amazônia, no bairro da Marambaia, sobre uma das oficinas promovidas pelo grupo República do Cuidado na Praça da República.

No decorrer do mês de maio, o grupo de saúde e teatro promoveu diversos encontros abertos no Teatro Waldemar Henrique voltados para trabalhadores e usuários da rede de saúde mental de Belém. O Projeto surgiu com a finalidade de promover atividades com vivências em Teatro do Oprimido, Música e Palhaçaria, Cirandas e Rodas de Cuidado, além de práticas tradicionais e populares de saúde, que culminam no Cortejo Cultural do dia 24 de maio em comemoração ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial.

Larissa Medeiros é professora de Psicologia da Universidade da Amazônia (Unama), e faz parte do Coletivo Embalando a Rede e do Movimento da Luta Antimanicomial. De acordo com ela, quem já vestiu a camisa da Luta Antimanicomial e já participou das marchas que ocorreram em anos anteriores vai se surpreender com o Cortejo Cultural preparado para este ano. “A parte cultural foi modificada e teremos uma banda de fanfarra. Graças ao apoio da Trupe da Procura, que promoveu as oficinas de mobilização, as pessoas foram preparadas para brincar na rua”, adianta. Atenção ainda para a mudança de trajeto! Em vez da tradicional concentração na “Escadinha”, próxima à Estação das Docas, os participantes devem se encontrar às 9h na Praça da Republica, de onde seguirão para a Praça Batista Campos.

Um dos coordenadores da República do Cuidado é o palhaço e médico de rua Vitor Nina. Para quem nunca ouviu falar, a especialidade “médico de rua” existe sim e trabalha no cuidado do “Povo em Situação de Rua” por meio do “Consultório na Rua”, política nacional promovida em Belém pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). Nina também é um dos coordenadores artecientíficos da Trupe da Procura, projeto do Núcleo de Artes e Imanências em Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (NARIS). Para ele, o cortejo é um exercício de liberdade. “A República do Cuidado é oficina, espetáculo e manifesto: uma experiência democrática de expressão e de convívio afetuoso para produzir cidadania e, em última instância, saúde. São rodas em que todas e todos podem entrar e expressar sua singularidade através do teatro, da educação popular, da cultura tradicional, dos saberes ancestrais que todos e cada um têm imanentes em si”, declara.

ADESÃO: basta ser solidário

A causa chamou a atenção de profissionais de outros segmentos que não o das ciências biológicas. É o caso da atriz Carol Magno. Para ela, vale a pena abraçar a causa porque ela é completamente contra os manicômios. “O manicômio é uma espécie de prisão, só que maquiada. A sociedade coloca como se fosse uma casa de saúde, mas, na verdade, a gente sabe que não é bem assim. Eu acho que toda e qualquer pessoa merece carinho, merece cuidado, merece ficar com a família, não merece ser excluída e o manicômio provoca exatamente isso: a exclusão”, argumenta.

DEPOIMENTO: O poder do afeto

Depois de passar por experiências extremamente traumáticas, Rose Pereira ficou afastada do convívio social por mais de um ano. Recentemente, no entanto, aconselhada por uma médica, decidiu buscar novamente a interação com as pessoas. “Ela me disse que eu era muito comunicativa e que eu estava piorando porque eu estava em casa, presa, sem me comunicar com ninguém”, conta. Depois que decidiu “botar a cara no sol”, Rose garante que sentiu “uma melhora incrível!”. Sobre sua participação em uma das oficinas de preparação para o Cortejo Cultural República do Cuidado na Luta Antimanicomial, ela declara: “Um lugar como esse não é apenas um teatro corporal, não é você gritar, falar ou fazer careta. Ele é muito mais que isso. Ele lhe dá perspectiva, lhe dá vontade de querer recomeçar e até voltar a fazer o que você fazia antes”.

REPÚBLICA DO CUIDADO: O que é isso?

O Projeto República do Cuidado consiste em atividades facilitadas pelo grupo de teatro e saúde Trupe da Procura, sendo uma das atividades oferecidas pelo coletivo Embalando a Rede, que congrega serviços de saúde, artistas, grupos e movimentos sociais relacionados à Saúde em geral e, mais especificamente, à saúde mental, tais como alguns CAPS e o Movimento de Luta Antimanicomial (MLA).

Texto e foto: Bianca Leão, assessora de encrencas da Trupe da Pro-Cura.

NINA

Vitor Nina

“Gostaria novamente de convidar todas e todos para participar de nossa roda. Ensina Vitor Pordeus, um de nossos mestres inspiradores do trabalho: Há um saber em todo ser, e todos somos atores, cientistas, loucos e curandeiros, basta praticarmos as paixões alegres! Venham para a nossa roda: ‘se você não faz teatro, qualquer teatro faz você’. O Afeto é o centro do Universo! Evoé!”. Vitor Nina, palhaço e médico de rua.

Larissa Medeiros“Essa manifestação é uma manifestação da liberdade e, por isso, todo mundo está convidado a participar conosco. Não importa se a pessoa é da área da saúde mental, é um momento de brincar celebrar a vida e a liberdade”. Larissa Medeiros, professora de Psicologia da Universidade da Amazônia (Unama), membro do Coletivo Embalando a Rede e do Movimento da Luta Antimanicomial.

CONFIRA ALGUMAS FOTOS DA REPÚBLICA DO CUIDADO AQUI:

https://www.facebook.com/caroline.souza.54379/media_set?set=a.10204378228123832.1073741880.1474187571&type=1&pnref=story

V FAS-CE PAIAÇO – Na Natureza do Cuidado

https://vimeo.com/112879129Na Natureza do Cuidado

Resgatar a natureza do cuidado!

O V Fas-ce Paiaço é o ciclo de oficinas e vivências que será realizado pela Trupe da Procura e o Projeto Viramundo nos dia 13 e 14 de Dezembro de 2014 no Jalam das Águas em Benevides/PA. Serão dois dias de imersão no belo sítio onde aconteceram oficinas de Teatro do Oprimido, Teatro de Rua, Palhaçaria, Educação Popular em Saúde além de rodas de conversa sobre temas envolvendo novas perspectivas nas práticas e estudos em saúde. Para partilhar dessa experiência convidaremos 20 cidadãos interessados nos diálogos de arte e saúde dentre profissionais e estudantes da área da saúde, artistas, terapeutas holísticos ou qualquer um disposto trocar afetos e saberes. As inscrições serão feitas via internet no blog do coletivo e a seleção será feita a partir do formulário de inscrição.

Quem anda inventando essa arte?

O Fas-ce Paiaço é uma realização da Trupe da Procura e do Projeto Viramundo, iniciativas vinculadas ao Núcleo de Artes e Imanências em Saúde – NARIS que há cinco anos vem trabalhando a interseção entre arte e saúde na Faculdade de Medicina da UFPA. A Trupe é composta de médicos, advogados, jornalistas, e até mesmo um físico, além de estudantes da área da saúde. Dentre as práticas do grupo estão a Palhaçaria de Hospital, Ações Públicas de Promoção da Saúde e a pesquisa acadêmica. O Viramundo é um projeto de extensão que visa a Atenção e Promoção à Saúde das populações em situação de Rua, que congrega estudantes de diversas graduações da saúde e atualmente participa da implementação do primeiro Consultório na Rua na cidade de Belém. Nesta quinta edição O Ciclo de Oficinas fará mais uma vez a função de agregar mais gente à nossa ciranda do cuidado.

A água das águas

O Jalam das Águas é um sitio na região metropolitana de Belém onde reina a gestão colaborativa e são praticadas terapias holísticas, Medicina Ayurveda, Massoterapia, além vivências em Permacultura e oficinas de circo, bioconstrução, palhaçaria e bioarte. Os oito olhos d’água do lugar recebem artistas, andarilhos, demais espíritos criativos para rever nossas práticas de desenvolvimento e e relação com a natureza. Uma dos debates será a proposta de construção de abrigos para população em situação de rua a partir das técnicas que circulam no Jalam.

O que Saúde ter a ver com Arte e Cultura?

Os processos de produção de saúde são essencialmente simbólicos e acontecem mesmo distantes da teorização e objetividades extremas da medicina moderna, que aprendeu a curar a qualquer custo e esqueceu de cuidar. As relações sociais são definidas mais pelos sentidos que criamos a partir da vivência do que da realidade vivida em si, a saúde, por sofrer determinação social, também está sujeita a essas criações que fazemos. E que maneira de dialogar com símbolos senão através da arte? E que melhor arte para isso senão a que trata do corpo enquanto meio de comunicação e diálogo? Escolhemos o Teatro.

Arteciência Cirandeira

Podemos fazer saúde sem metal ou teslas? Nós, e muitas outras pessoas, dizem que sim, então resolvemos experimentar. – Educação Popular para a saúde: Conjunto de técnicas pedagógicas e libertadora que buscam promover a saúde através do Diálogo, valorizando o saber dos povos e as realidades culturais. Construir saúde com povo e não para o povo. http://i.imgur.com/yO6DWCo.jpg – Redução de danos: Sem desintoxicações irresponsáveis, sem mais internações compulsórios. Acreditamos na saúde pela saúde. A nossa querida RD reflete estratégias de proteção, cuidado e auto-cuidado buscando mudanças pequenas e progressivas de atitudes frente às drogas. – Ação Estética em Saúde: As ações estéticas buscam criar, recriar e manipular símbolos através de teatro de livre expressão e do teatro de rua popular, estabelecendo vínculos aproximando na mesma ciranda o cuidador e o cuidado, ocupando com relações de afeto o espaço público. http://i.imgur.com/hrfEFn0.jpg

Paitrocínio

A Trupe ficou lisa e precisou recorrer ao crowndfunding para financiar um ciclo aberto a todos e totalmente gratuito. Para isso nos cadastramos na Plataforma Catarse,  Os fundos arrecadados através do site serão direcionados para o financiamento de todo o evento de forma que qualquer um possa participar, mesmo sem ter grana. Os gastos incluem o transporte até o local do evento, três refeições diárias para todos os participantes (20 selecionados mais 10 integrantes da organização), aquisição de equipamentos de audio e vídeo, custeio de pequenas adaptações no espaço e impressão de material de divulgação, além claro da taxa do catarse e custeio e envio dos brindes. Acesse a página do nosso projeto em http://catarse.me/pt/fascepaiaco. Por enquanto o projeto ainda não está recebendo doações, mais informações me breve.

As inscrições continuaram abertas até dia 05/12, aqueles que já fizeram a sua já a tem garantida. Após o fechamento das novas inscrições divulgaremos os 20 selecionados para criar conosco mais um ciclo de oficinas. Desde já agradecemos o apoio e o interesse em participar da nossa ciranda e pedimos que todos compartilhem o projeto para concretizarmos mais essa sonhação.

Evoé!

ADIAMENTO DO FAS-CE PAIAÇO 2015

ADIADO PARA 13 E 14 DE DEZEMBRO

ADIAMENTO DA DATA DE REALIZAÇÃO DO FAS-CE PAIAÇO

Informamos que devido a problemas no financiamento previsto para o Fas-ce Paiaço 2014, fomos obrigados a adiar a realização de nosso ciclo de oficinas e vivências, realizando-o nos dias 13 e 14 de dezembro.

Sempre prezamos pela acessibilidade de nossas ações, realizando-as gratuitamente ou a preços mínimos, visando oportunizar a participação de qualquer pessoa em nossas atividades. Esta é sexta edição de nosso ciclo de oficinas e vivências, com público total de mais de 400 pessoas. Infelizmente ocorreram problemas inesperados no financiamento desta edição, que nos obrigaram a adiar sua realização.

Entretanto, palhaço é bicho teimoso e resolvemos lançar o crowdfunding (ou quem sabe clownfunding) desse Fas-ce Paiaço. Em alguns dias a página estará no ar e cada um poderá contribuir com o quanto quiser e puder para que nosso caldeirão de arteciência possa borbulhar!

Clique aqui para acessar o vídeo de lançamento do clownfunding do FAS-CE PAIAÇO 2015: Na Natureza do Cuidado.

Em breve, mais informações serão enviadas para o seu email! Pedimos desculpas por quaisquer transtornos, e reiteramos que fizemos de tudo para evitar esse adiamento… Tá vendo? Isso que dá se meter com paiaço! =O)